domingo, 18 de setembro de 2011

A respiração da alma ou ecologia da alma



As escolas têm muito mérito em colocar na agenda das crianças e ecologia, pois vemo-lo nas praias, no campo e em piqueniques, a mostrar aos familiares e não só como se faz.
É bom que os mais jovens estejam a recuperar o valor e o respeito pela natureza e possam lutar pelos espaços verdes nas cidades asfixiantes que construímos. Mas agora vamos falar da ecologia da aluna, á qual creio, se presta pouca atenção. Na verdade há na rua uma contaminação de nervos, tensões e gritos que tornam tão irrespirável a existência como o ar. Vivemos devorados pela pressa, ninguém sabe conversar sem discutir, inquietam nos gases da angústia e da incerteza as pessoas precisam de comprimidos para dormir, diariamente os jornais, a rádio, as televisões enchem-nos a alma de resíduos tóxicos, cortam-se despreocupadamente as árvores dos antigos valores sem nos apercebermos que são elas que impedem o esboroamento das pessoas, as almas quase não têm espaço para respirar.
Urge explicar às pessoas que a alma também precisa de espaços verdes. É necessário impedir que especulação do solo da alma, acabe por torná-la inabitável. Meus irmãos a alma convertida em sótão de trastes velhos é tão desumana como os cortiços em que nos “obrigam a viver. Vamos demarcar, então, espaços verdes da alma, que classificamos como zonas de “reserva”. O primeiro é o sono. A vida humana com a alternância do sono e de vigília está muito bem construída. Mas quando se desnivela com ingénuas noitadas, estragamos a vigília. Muitas vezes passamos os dias submergidos em sonolência, pela simples razão de que não dormimos. Quem o experimentou sabe bem.
Muitos pensam, muitas vezes com a obsessão de poder obter mais lucro, estão a proceder bem em roubar horas á noite, mas depois mais tarde, vêm a verificar que esse tempo roubado ao descanso se paga com o cansaço e mediocridade. O segundo espaço é o lazer, a nossa civilização tem duas falhas graves, ensinar as pessoas a trabalhar e a perder dinheiro. E todo o espaço que medeia entre as duas? E esse trabalho que não é bem trabalho, porque se faz o que se gosto? E tantas maneiras de nos divertirmos, que nos enriquecem?
Muita gente parece não conhecer senão o caminho de casa para o trabalho e vice-versa, como o burro entre o suor e o futebol, a televisão se reparte e escoa a nossa vida.
Outro grande espaço verde da nossa alma é a amizade! É o tempo mais bem ganho, quando se perde ou ganha com um bom amigo. A conversa sem pressa, sem reparo nem artes, que celebra a memória da vida comum, umas vezes com sorrisos, outras vezes com risos maiores e porque não outras vezes tristezas partilhadas… mas celebrando o encontro de duas almas, que coisa mais bela! Sim! São as visitas que deixamos sempre para quando tivermos tempo, seriam o melhor modo de aproveitarmos o tempo, seriam o melhor modo de aproveitarmos o tempo que temos. Que lindo seria um mundo em que ninguém olhasse para o relógio quando se está com os amigos. Que maravilhoso em que alguém nos vem ver não para pedir alguma coisa, mas só para estar connosco! Costumamos dizer que o tempo é ouro, o dinheiro, mas temos que aprender a distinguir o tempo que vale ouro e o tempo que não vale nada.
Ouro puro é o tempo, por exemplo que o pai dedica a brincar com seu filho, a conversar sem pressa com a esposa, a contemplar uma paisagem em silêncio. Ouro falso é por exemplo, ver, não direi todos, mas alguns programas da televisão. Por último, não nos podemos esquecer de um magnífico espaço verde da alma, que é a oração
Aqui atrevo-me a ir um pouco mais longe daquilo que costumamos chamar oração, porquê?
Porque quero chamar a atenção para a oração contemplativa que por norma não temos o hábito de fazer. Exorto-vos a que dispensemos uns minutos por dia de pausa cordial e mental para o encontro com Deus. Ali, no poço da alma, afastando-nos dos ruídos do mundo, deixando por uns momentos as preocupações que nos angustiam, tentemos procurar a nossa própria verdade. Perguntemos a nós mesmos quem somos e o que amamos. Peguemos, por exemplo na bíblia e leiam uma frase, algumas linhas, deixemos que elas falem dentro de nós como diz em Isaías (55,10-11). Vamos repeti-las até as entendermos, vamos saboreá-las, fiquemos em silêncio deixando-as crescer dentro de nós, tratando as como se fossem umas plantas que precisam de se desenvolver. Assim, poucos minutos apenas, mas todos dias, um dia encontrar-se-ão milagrosamente em flor.

Deixem-me dizer-vos:
A nossa alma merece ser tão cuidada pela ecologia, como a terra.
Não seria inteligente vivermos preocupados com o ar que respiramos e esquecermo-nos do que alimenta o sangue da nossa alma – A ORAÇÃO







 Sr. Ramiro 14 Setembro de 2011 grupo de oração “renovar a esperança “